quinta-feira, 6 de maio de 2010

A educação

A sociedade européia, à época de Pestalozzi, passava por profundas transformações políticas, econômicas e sociais em decorrência do que ARCE (2002) chamou de ‘’Era das Revoluções’’ que compreende a segunda metade do século XVIII e início do século XIX. A instituição escolar, nesse cenário, começa a passar por inúmeras modificações, passa a ter uma função mais social, ligando ideologia e poder. Muda-se a escola a fim de torná-la mais funcional.

Pestalozzi produziu sua obra no momento da ascensão burguesa, que passou a ver na educação uma importante ferramenta para a manutenção de sua nova condição social. Para a elite burguesa educar seus filhos significava a preparação de profissionais com espírito burguês, necessários à manutenção do novo modo de produção. Já a educação dos pobres significava a formação de mão-de-obra disposta ao trabalho nas fábricas, mas nunca o bastante para que se rebelassem. (ENGUITA, 1989)

A educação antes dessa nova ordem revolucionária era mantida pela concepção religiosa. A Igreja predominava na instrução primária, secundária, e universitária, e muitos para conseguir se inserir nesse contexto cultural incluíam-se na vida religiosa, ou seja, muitos homens para ter acesso ao ensino entravam para os seminários. O ensino transmitido pela Igreja, se apoiava em revelações divinas, livros ditos sagrados, excessiva disciplina e até mesmo castigos físicos.

Já para Pestalozzi ensinar é levar as crianças ao desenvolvimento de suas habilidades inatas, respeitando seus estágios de desenvolvimento, aptidões e necessidades. Essa concepção de educação foi inovadora para a época por apresentar uma possibilidade de ensino diferente da oferecida pela concepção religiosa. A escola de Pestalozzi não utilizava notas, recompensas ou castigos, pois ele acreditava que a disciplina deveria ser cultivada no interior do aluno.

Segundo Franco Cambi (1999), a educação colocou-se como central a função política da pedagogia e sua posição dentro do nicho da sociedade, ou seja, a educação reproduz o momento político que a sociedade vive. Na época do trabalho de Pezatalozzi, a sociedade vivia um momento ambíguo, de um lado a vontade de ser manter a forma tradicional de ensino, baseado na Igreja católica, e de outro, um ideário revolucionista, baseado nos interesses industriais de uma burguesia emergente.


Sua maneira de educar

O princípio educativo de Pestalozzi pauta-se em uma educação voltada para o desenvolvimento natural do ser humano, de acordo com cada estágio pelo qual o indivíduo passa até atingir a idade adulta. Para tanto divide a educação em dois estágios: infância e idade escolar, sendo que em cada um, deveria-se aplicar um tipo específico de trabalho. Em seu livro Como Gertrudes ensina a seus filhos, escrito em 1801, o pensador expõe os princípios gerais de sua educação, assim como descreve seu método de ensino.




“A criança, na concepção de Pestalozzi, era um ser puro, bom em sua essência e possuidor de uma natureza divina que deveria ser cultivada e descoberta para atingir a plenitude.”
(ARCE, 2002)


O seu método destacava a educação escolar como complemento da família e como meio de preparação para a vida, ou seja, o sistema de ensino deveria levar em consideração a formação de atitudes nos indivíduos, assim sendo a formação da moral e das virtudes. Para tanto essa formação deveria ser iniciada na família, representada principalmente pelo papel da mãe, que segundo o pensador é dotada de coração puro, bondoso e amável, sendo ela, portanto a primeira pessoa a levar a criança a conhecer Deus e seus desígnios, caracterizando assim uma educação também religiosa. O educando deveria então conhecer as regras e praticar a virtude, vivendo em harmonia com Deus e com a natureza.
Pestalozzi adorava as crianças; e vendo a miséria moral e o abandono em que viviam a maior parte das crianças de seu país, deliberou-se a fazer alguma coisa para torná-las fortes e serenas, úteis e boas. Comprou uma quinta, construiu uma casa, onde recolheu cinqüenta crianças dentre as mais pobres, e começou a ensinar-lhes, com infinita paciência, a cultivar a terra, a ler e a escrever, e tudo o mais que pudesse ser-lhes útil.


Não era uma escola como as outras, era uma espécie de família, onde um homem aos seus cinqüenta anos era como que um pai que se entretivesse ao mesmo tempo a ser o mestre e o companheiro de trabalho e de brincadeiras de seus filhos.


Pestalozzi defende que os sentidos das crianças são importantes meios para sua aprendizagem, pois é através deles que a criança conhece o mundo e a si mesma. Mas lembra que, os órgãos dos sentidos possuem um desenvolvimento natural que deve ser levado em consideração. E a criança já possuidora dos diversos conhecimentos que esses órgãos lhe oferecem, deve ser, portanto, estimulada a aprender cada vez mais.

Ainda, ARCE (2002) ressalta as idéias de Pestalozzi que vê a criança, em um primeiro momento, como um animal e que, mais tarde, tornar-se-á humana naturalmente, devendo o homem não impedir ou atrapalhar esse curso natural, auxiliando apenas quando necessário. Segundo seus princípios o homem nascia bom, entretanto a sociedade o corrompia, dessa forma explica-se a ênfase dada à natureza, como forma de seguir esse desenvolvimento natural. A ação educativa devia ser a mesma da natureza, pois esta última forma-se aos poucos, gradualmente, de uma formação mais simples para uma formação mais complexa, devendo esse princípio ser utilizado também na educação.

Pestalozzi propunha que os conteúdos deveriam ser graduados conforme o nível das crianças, aliados a todo o processo educativo e ao desenvolvimento natural da criança, mas não deixando de considerar o professor e sua função. Nesse sentido e criticando o mecanicismo utilizado no processo educativo de sua época, acreditava que o trabalho do professor deveria ter como principal objetivo a construção natural da infância da criança, e não se posicionando como um obstáculo.

Segundo ARCE (2002), Pestalozzi buscava ainda um método de ensino que trabalhasse o homem em sua totalidade, sem negligenciar sua origem e seus fins. Chamou-o de “ABC das atitudes” e definiu-o chegando a cinco atitudes que deveriam preceder a criação de qualquer outro método:
- a educação deveria partir dos conhecimentos que o aluno já possui, acrescentando outros, para mais tarde partir para conhecimentos mais complexos;
- a educação não devia desprezar as impressões que a natureza e a realidade deixavam para o indivíduo;
- a educação deveria se ocupar dos mecanismos físicos dos objetos;
- a educação deveria acabar com a homogeneização que marca sua metodologia;
- a educação deveria saber observar o heterogêneo, assim como a produção rica e múltipla da natureza.

Ainda segundo Arce (2002), foi através das leis físicas da natureza que Pestalozzi encontrou o que a educação realmente necessitava para ser útil ao homem, nesse sentido, diz respeito à aquisição da linguagem pela criança. A essa metodologia, chamou de “ABC da intuição”, uma forma considerada natural de ensinar à criança a escrita.

“Assim, no ensino da leitura, reconheci a necessidade
de fazê-lo seguir o conhecimento da linguagem
e buscando os meios de ensinar as crianças a falar,
descobri o principio que existe em acompanhar,
para o estudo da língua, a ordem indicada pela natureza e
ascender dos sons das palavras e
das próprias palavras gradualmente à linguagem.”
(PESTALOZZI, 1959, p.131-132 APUD ARCE, 2002, p.162).


Ao ensino da leitura, Pestalozzi acrescentou o desenho por ser a primeira representação escrita que a criança faz do mundo que a cerca. A criança deveria aprender primeiramente as letras, através de seus sons, logo após as sílabas, as palavras e as frases inteiras, nessa seqüência. Assim o método de estudo deveria resumir-se numa simples tríade: número, forma e palavra.

“Julguei, por conseguinte, que o número, a forma e a linguagem constituem conjuntamente os meios elementares do ensino, posto que a soma dos caracteres exteriores de um objeto se encontra inteiramente reunida dentro dos limites de seu contorno e em suas proporções numéricas, e que minha memória se apropria por meio da linguagem. É necessário, pois que a arte de ensinar tome por regra invariável de sua organização apoiar-se nessa tríplice base e chegar a esse tríplice resultado:
1º Ensinar a criança a considerar uma unidade a cada um dos objetos que se lhes dá a conhecer, separado daqueles dos quais aparece associado.
2º Ensinar-lhes a distinguir a forma de cada objeto, isto é, suas dimensões e proporções.
3º Familiariza-los o mais cedo possível com o conjunto de palavras e de nomes de todos os objetos que lhes são conhecidos.”
(PESTALOZZI, 1959, p.136-137, APUD ARCE, 2002, p.165).



De acordo com a educadora Dora Incontri, “Pestalozzi experimentava sua teoria e tirava a teoria da prática” e suas escolas. Lá aplicou seu princípio da Educação Integral que consistia numa educação além de informações absorvidas, englobando três dimensões humanas, identificadas com a cabeça, a mão e o coração. Ao final de seu aprendizado, o aluno teria uma formação intelectual, física e moral.




O método a ser empregado deveria reduzir-se a três elementos mais simples: som, forma e número. Para somente mais tarde da percepção vir a linguagem. Desse modo, o estudante teria condições de encontrar em si mesmo liberdade e autonomia moral.


Considerações finais

Por mais que o trabalho de Pestalozzi receba muitas críticas, pois sua preocupação maior era que o educando atingisse sua autonomia moral, despertando uma consciência moral e cidadã, e não à importância quanto ao ensino da leitura e da escrita que seria o mais importante para uma educação popular para assim extinguir o analfabetismo; foi o primeiro a descobrir que para educar e ensinar as crianças era preciso antes, amá-las, compreendê-las e interessá-las.
Pestalozzi foi um dos maiores bem-feitores da humanidade. Durante sua existência tão modesta, não conheceu a fortuna nem a glória, mas em compensação o resultado de seu trabalho foi reconhecido e aproveitado e o seu nome respeitado, honrado e conservado na memória dos que vieram depois dele, pois continuaram e aperfeiçoaram os seus estudos. Através de seus princípios educacionais conclui-se que buscou possibilitar a formação e educação integral do homem.

Referências bibliográficas

o A VIDA DE PESTALOZZI. Disponível em: < http://www.calameo.com/books/0000397115cf5da37173c> Acessado em: 20.mar/2010.

o ARCE, Alessandra. A pedagogia na “Era das Revoluções”: uma análise do pensamento de Pestalozzi e Froebel. Campinas: AutoresAssociados. 2002.

o CAMBI, Franco. História da Pedagogia. Tradução: Álvaro Lorencini. São Paulo: Editora UNESP. 1999.

ENGUITA, Mariano Fernándes. A face oculta da escola, o trabalho atual como
o forma histórica. Porto Alegre: Artes Médicas sul, 1989.

o FREITAS, Raquel A. M. da M. e ZANATTA, Beatriz A. O LEGADO DE PESTALOZZI, HERBART E DEWEY PARA AS PRÁTICAS PEDAGÓGICAS ESCOLARES. Disponível em: http://www.sbhe.org.br/novo/congressos/cbhe4/individuaiscoautorais/eixo03/Raquel%20A.%20M.%20da%20M.%20Freitas%20e%20Beatriz%20Aparecida%20Zanatta%20-%20tex.pdf> Acessado em: 13.mar/2010.

o INCONTRI, Dora. Pestalozzi, Educação e ética. São Paulo, Scipione. 1996.

o JOHANN HEINRICH PESTALOZZI. Disponível em: http://www.tiosam.net/enciclopedia/?q=Pestalozzi> Acessado em: 20.mar/2010

o NASCIMENTO, Cristiane V. F. e MORAES, Márcia A. S. PESTALOZZI E OS FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per04.htm. Acessado em: 13.mar/2010.

o PESTALOZZI - O TEÓRICO QUE INCORPOROU O AFETO À SALA DE AULA. Disponível em: Acessado em 13.mar/2010.


Vídeos:

http://www.youtube.com/watch?v=z8MeK0klYMM&feature=related

http://www.youtube.com/watch?v=cZjmx3EgdIY&feature=related


Grupo: Aline Neira de Souza, Camila Kupidlowsky Fernandes Leão, Camila Takenaka Resende, Carla Batista Silva, Inês Cristina Rodrigues da Silva
PESTALOZZI




Johann Heinrich Pestalozzi
(12/01/1746 – Zurique, Suíça – 17/02/1827 – Brugg, Suíça)



1. Contexto político e econômico:
Pestalozzi viveu em uma época bastante conturbada marcada por grandes guerras, como a Revolução Industrial e a Revolução Francesa.
Conhecido como o período da “Era das Revoluções” de acordo com Arce, que afirma ser:
“Este período foi marcado por muitas transformações da humanidade, muitas revoluções, e foi nele que (...) Pestalozzi” (ARCE, 2002, p.22). cresceu e produziu.




2. Revolução Industrial:

A Revolução Industrial teve como objetivo modificar o modo de produção que predominava naquela época.
O sistema agropecuário seria substituído pela máquina a vapor que passaria a ser o centro do processo produtivo.
Dentro deste contexto a Escola é considerada a forma principal e dominante da educação preconizando o modelo utilitarista, pragmatista e baseada na hierarquização das relações sociais.
Arce associa a Educação ao Trabalho Produtivo definida na seguinte frase: “a indústria necessitava de trabalhadores com alguma formação mínima, para que o trabalho fosse produtivo.” (ARCE: 2002, p.41).

2.1. A Europa Século VIII:
Engels, em A situação da classe trabalhadora na Inglaterra (1844/1845), descreve, de forma contundente, o ambiente de privações e pobreza vivido pela classe trabalhadora, entre 1789 a 1848, marcada por transformações e revoluções. Denominadas por Hobsbawn de “Era das Revoluções”, a Revolução Industrial, a Revolução Francesa e as guerras napoleônicas marcaram a época em que Pestalozzi viveu.


3. Revolução Francesa – séc. XVIII:
“A educação passou a desempenhar um papel muito importante, pois ela seria o único instrumento capaz de formar o cidadão para o novo regime” (ARCE, 2002, p. 25).

“Embora durante a maior parte de sua vida Pestalozzi tenha escolhido viver em relativo isolamento, com a mulher e um filho que morreu aos 31 anos, ele nunca se alienou dos acontecimentos de sua época – chamada pelo historiador britânico de “Era das Revoluções” (NOVA ESCOLA, p. 21).

3.1. A França Revolucionária – Um liberal na “Era das Revoluções”:



“Na juventude, Pestalozzi militou num grupo que defendia a moralização da política suíça. Mais tarde, por simpatizar com o pensamento liberal e republicano, se alinhou aos defensores da Revolução Francesa” (NOVA ESCOLA, p. 21).


Que tipo de homem se esperava formar após a Revolução?

Analisando o significado do legado da Era das Revoluções, Arce questiona a pretensa “natureza revolucionária” de homem que se desejava formar após a Revolução, considerando que:

“Uma das respostas estava na educação que, para a burguesia dominante, passou, então, a significar o triunfo dos méritos sobre o nascimento, através do desenvolvimento dos talentos de cada um, e, assim, individualizava-se o fracasso ou o sucesso” (ARCE, 2002, p. 40-41).

3.2. A França Napoleônica:



“Em 1798, os franceses, em apoio aos republicanos suíços, passaram a sufocar os focos de resistência à nova ordem no país vizinho, e levaram à frente um massacre na cidade de Stans. Pestalozzi, embora chocado com os acontecimentos, atendeu à convocação do governo e montou uma escola para os órfãos da batalha, que acabou sendo um de suas experiências pedagógicas mais produtivas” (NOVA ESCOLA, p. 21).

3.3. A Europa Napoleônica – A experiência de Iverdon (1805 – 1825):


Pestalozzi desenvolveu seu projeto mais abrangente, dando aulas para estudantes de várias origens e comandando uma equipe de professores. Divergências entre eles levaram a escola a fechar. Iverdon projetou o nome de Pestalozzi no exterior e foi visitada por muitos dos grandes educadores da época. (NOVA ESCOLA, p. 20).

4. A Europa do Congresso de Viena – 1815:





O mundo em que Pestalozzi viveu, entre o final do século XVIII e inicio do século XIX, transformou não apenas o modo de produção capitalista, mas também o trabalhador e a sociedade.

Para pensar ...

No seu dia-a-dia na escola ou em seus estudos sobre educação, você já sentiu a sensação de que falta algo à teoria pedagógica? Chegou a pensar que carência é essa? De que forma ela se reflete na prática? (NOVA ESCOLA, p. 21).


Quer saber mais?

ARCE, Alessandra. A Pedagogia na “Era das Revoluções”: uma análise do pensamento de Pestalozzi e Froebel. Campinas: Autores Associados, 2002, p. 21-45.

INCONTRI, Dora. Pestalozzi: educação e ética. São Paulo: Scipione, 1997.

MANACORDA, Mário Alighiero. História da Educação: da Antiguidade aos Nossos Dias. Campinas: Cortez,
NOVA ESCOLA. J. H. Pestalozzi: o teórico que incorporou o afeto à educação. Revista Nova Escola Edição Especial Grandes Pensadores: a história do pensamento pedagógico no Ocidente pela obra de seus principais expoentes., p. 19 a 21.

Grupo: Guilherme Queiroz de Macedo, Juliana Horta, Juliana Fortunato, Thais Frauches, Maria Aparecida de Moura e Márcia Pascoal.
Biografia e Principais Obras de Johann Heinrch Pestalozzi

Johann Heinrch Pestalozzi nasceu em Zurique, no dia 12 de janeiro de 1746. Era filho de Johann Baptist Pestalozzi, cirurgião e pastor protestante de origem italiana. Sua mãe Susanne Hotz, descendia de uma família de médicos. Pestalozzi tornou-se órfão de pai aos quatro anos de idade passando por muitas dificuldades, juntamente com a mãe, três irmãos e a governanta, Magd Bárbara Schmid, a “Babeli”. Diante das dificuldades enfrentadas, Pestalozzi apresentou uma formação humanista de sua personalidade, levando-o a ser conhecido pelo conjunto da sua obra como o educador da humanidade.
Pestalozzi estudou na cidade natal e participou do movimento pela Independência Suíça. Em 1764, tornou-se membro da Sociedade Helvética, que juntamente com seus patriotas, criticavam a situação política do país propondo reformas. Foi influenciado, na juventude pelo pensamento de Rousseau e por alguns aspectos do Movimento Romântico (em particular, a exaltação da imaginação). Ainda estudante, já demonstrava interesse pela causa dos desamparados, participando sempre de movimentos de reforma política e social. Na juventude, Pestalozzi abandonou os estudos religiosos para se dedicar à agricultura, tomando aulas com J. R. Tschiffeli.
Em 1767, inicia sua atividade de empresário-educador em Neuhof (Nova Feitoria), região de Birrfeld, onde se interessa pelos problemas da população agrícola, com iniciativas de educação profissional. Interrompendo suas atividades em 1779.
No ano de 1769 casa-se com Anna Schulthess, e em 1770 nasce seu único filho, Hans Jakob (tradução alemã de Jean-Jacques, uma homenagem a Rousseau), que veio a falecer ainda jovem, deixou-lhe o neto Gottlieb.
A partir de 1774, acolheu em Neuhof rapazes órfãos, para educá-los através de leitura, escrita, cálculo e trabalho. Ainda em 1774, no caminho de seu pioneirismo, fundou um orfanato, com o objetivo de ensinar técnicas de agricultura e comércio, tentativa que fracassou alguns anos depois. Mais tarde, transformou o projeto agrícola fracassado em um Instituto Filantrópico para crianças abandonadas, no que também não teve sucesso.
Pestalozzi, em 1780 publicou Crepúsculos de um eremita (Abendstunden eines Einsiedlers).
Em 1781, publicou a primeira parte do romance “Leonardo e Gertrudes”, que tratava de suas idéias de reforma social e política. Em 1793, publica segunda parte, a terceira em 1785 e quarta e última parte em 1787.
Essa obra retrata a história de Gertrudes, que é muito bondosa e generosa, além de muito inteligente. Mãe dedicada aos filhos tirou o marido da embriagues, e influenciou os habitantes de sua aldeia a aplicar métodos em beneficio da população, a fim de se chegar ao bem estar social que era muito almejado por Pestalozzi.
Até 1797 dedicou-se a pesquisa teórica, marcada por desânimo e pessimismo, sustentado também pela derrota da Revolução na França. No ano de 1797 publicou a obra Minhas indagações sobre a marcha da natureza no desenvolvimento da espécie humana.
Em 1798, durante a Invasão Napoleônica, a cidade de Stans foi invadida e seus habitantes massacrados pelas tropas, Pestalozzi reuniu as crianças desamparadas e passou a cuidar delas em meio as mais precárias condições. Havia muita miséria, ignorância e brutalidade das pessoas do local, inclusive crianças. O Instituto de Stans contava com certo apoio do governo. Nem todas as crianças eram órfãs completamente, algumas tinham pai ou mãe ou ambos. Crianças eram exploradas pelos pais para pedirem esmola em seu favor. Pestalozzi pretendia por fim a essas situações, o que contrariava determinadas famílias. A vida e obra de Pestalozzi estão intimamente ligadas à religião, condenava a punição e as recompensas. Em junho de 1799, o Instituto de Stans foi dissolvido.
Pestalozzi dá continuidade aos seus trabalhos em Burgdorf (de 1799 a 1804) com a criação de uma escola e seminário de professores. Seu instituto é bem sucedido e tornar-se uma meta européia das “viagens pedagógicas” de estudiosos e de políticos.
Em 1805, em Yverdon (torna-se um instituto de ensino para meninas), já com um pensamento pedagógico amadurecido, organiza seu método educativo na forma mais completa: o seu instituto internacionaliza-se e sua experiência coloca-se como modelo educativo para toda a Suíça. Dificuldades internas e externas afetarão profundamente tal experiência educativa, tanto que o próprio Pestalozzi a encerra em 1825.
Publica em 1826 o Canto do cisne.
Em 17 de fevereiro de 1827, em Brugg, Pestalozzi, acometido de grave doença, veio a falecer. Permaneceu seus últimos dias, ao lado de seu neto Gottlieb.